sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Na Tarrafa Literária, Fernando Morais conta casos de ACM; Isabel Lustosa fala de Lampião

Lídia Maria de Melo (texto, fotos e vídeos)
João Gabriel (à esq), Isabel Lustosa e Fernando Morais
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A plateia foi ao Teatro Guarany na tarde do sábado, 27 de agosto, para ver e ouvir Fernando Morais.
Autor de livros consagrados, como A Ilha, Chatô, Olga, Corações Sujos e o mais recente, Os Últimos Soldados da Guerra Fria, o jornalista-escritor encantou o público. Como sempre!

Durante o debate A Vida dos Outros _ Biografia, na 3ª Tarrafa Literária - Encontro Internacional de Escritores de Santos, promovida pela Realejo Livros & Edições, Fernando Morais contou histórias sobre seus personagens e seus métodos de pesquisas. Arrancou risadas quando lembrou casos de Antônio Carlos Magalhães e o roubo de seu computador com entrevistas de José Dirceu.
                                 Clique: Fernando Morais fala sobre ACM e Brizola
 
A outra convidada, Isabel Lustosa, não deixou por menos.
Historiadora e doutora em Ciências Políticas pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Isabel  envolveu a plateia com sua voz firme e cativante, enquanto falava sobre seu novo livro, Lampião – Violência e Esperteza.

Discorreu sobre sua sistemática de pesquisa e desmentiu inverdades a respeito de Lampião. Ela esclareceu que o cangaceiro ganhou fama de Robin Hood devido à onda cultural dos anos 50 e 60, na esteira do Cinema Novo.

De fato, como acrescentou, o rei do cangaço e seu bando eram cruéis e violentos. Chegavam às cidades provocando arruaças e cometendo crimes bárbaros. Castravam homens, violentavam mulheres. "Lampião não difere em nada de um bom mafioso".

                                         Clique:  Isabel Lustosa fala sobre Lampião

Sobre o processo de escrita de uma biografia, Isabel Lustosa disse ainda que, embora o pesquisador fique envolvido e até obcecado pelo personagem em estudo, é preciso jamais perder o distanciamento, a isenção.

Ela lembrou que alguns colegas seus se apaixonam tanto pelo pesquisado que ficam tentando encontrar o lado bom do personagem, quando muitas vezes não há.

Autora de uma biografia de Dom Pedro I, Isabel disse que seguiu a ordem cronológica para redigir seu livro sobre o ex-imperador do Brasil. "Figura fascinante, um personagem contraditório", classificou, lembrando que Dom Pedro foi capaz de bater na mulher, dona Leopoldina, mas era amoroso com a amante, Maria Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos.

Os dois escritores deixaram 
um gosto de quero mais 
na boca da plateia

Fernando Morais contou que o ex-todo-poderoso-baiano, ex-senador e ex-governador Antônio Carlos Magalhães gravava todos os telefonemas que recebia desde que chegou a Brasília. As transcrições das gravações foram entregues pelo próprio ACM a Fernando Morais.

Sobre a biografia do falecido político, Morais disse que não tem pressa de escrever. "Essa ninguém tira de mim. Gravei centenas de horas com ele. Digitalizei o célebre arquivo dele. Ele me deu".

                                       Clique: Fernando Morais fala de ACM e seu advogado
 
Na primeira edição de Chatô, Morais incluiu que o então general Ernesto Geisel, ex-presidente militar do Brasil, tinha sido sócio de Assis Chateaubriand e do banqueiro carioca Don Ernani em uma empresa de petróleo na Paraíba, em 1930.

Geisel reclamou a um jornalista amigo de Morais: "Esse sujeito cometeu um equívoco".
Quando foi informado, Morais viajou até a junta comercial paraibana e constatou: a informação que lhe fora passada pelo próprio Don Ernani não era verdadeira. "Mudei o livro na segunda edição. Depois, mandei um exemplar para Geisel, com um cartão e um pedido de desculpas".

"Sempre me interesso 
pelas misérias e grandezas 
de meus personagens. 
Sobretudo as misérias". (Fernando Morais)

         Clique: Morais fala sobre assalto e dados de Zé Dirceu
Processado pelo deputado federal e agropecuarista Ronaldo Caiado e condenado pela Justiça de Goiás a lhe pagar R$ 500 mil, Morais disse que existe uma contradição entre o artigo da Constituição que garante a liberdade de imprensa e o que estabelece que o direito de imagem é do proprietário dela e de seus herdeiros.
“Se a pessoa é uma figura pública, não há por que ter restrições, obviamente mantendo a veracidade das investigações. A sociedade tem o direito de se informar sobre as pessoas públicas”, enfatizou.
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A Tarrafa Literária foi realizada no Teatro Guarany, em Santos
 A mediação do encontro, que durou uma hora e meia, ficou a cargo do jornalista João Gabriel de Lima, redator-chefe da Revista Bravo. Gabriel foi simpático e competente. Não falou nem menos, nem mais do que deveria. Foi exato.
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Leia sobre a 1ª Tarrafa Literária, de 2009, clicando aqui.
E ainda mais informações aqui.

Um comentário:

  1. Peixes bons e graúdos nesta tarrafa, não? Deve ter valido muito a pena. Agradeço o ótimo relato, Lídia. Um grande abraço!

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