Coluna que eu assinava em A Tribuna. Clique nela para ampliar |
Nunca me esquecerei do que eu fazia em 11 de setembro de 2001.
Já escrevi sobre isso em 2006, no meu antigo blog, e em 2009, neste atual. Mas sempre me emociono, como se fosse a primeira vez.
Naquele dia, assim que acordei, telefonei para o jornal A Tribuna. Precisava avisar que eu não iria trabalhar, porque não me sentia bem.
Em seguida, procurei notícias sobre o assassinato ocorrido na noite anterior. O do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, mais conhecido como Toninho do PT.Pedi a meu sobrinho de 2 anos e 11 meses para me deixar sintonizar a televisão na Band News. Ele brincava na sala e assistia a uma programação infantil em um canal a cabo.
Mudei e o senador Eduardo Suplicy dava entrevista sobre a morte do prefeito. Assim que ele acabou de falar, entraram imagens de Nova Iorque ao vivo. A primeira torre do World Trade Center havia acabado de ser atingida por um avião. O que se supunha era que tinha sido um acidente. Imediatamente, mudei para a TV Globo. Mania de jornalista. Queria ver se a programação normal havia sido interrompida. Afinal, a notícia era trágica.
Não deu outra. Visivelmente nervoso e espantado, Carlos Nascimento já narrava o que estava acontecendo nos Estados Unidos.
Seattle Post, 12 de setembro de 2001 Clique na imagem para ampliar |
Enquanto digitava os números, Carlos Nascimento disse, sem muita convicção, que um segundo avião parecia ter batido no outro prédio do World Trade Center.
Duvidei da informação. ''Ele bebeu'', eu disse.
Nem bem acabei de falar, apareceram imagens do segundo avião surgindo de trás da segunda torre, fazendo uma curva e entrando com tudo no prédio. Não restavam mais dúvidas: aquilo não era acidente, mas um atentado sem precedentes na história do planeta.
Quando consegui falar com minha irmã, ela ligou a televisão na sala da assessoria de imprensa e comentou: ''Quem será que fez isso?!''
Voltei a telefonar para o jornal A Tribuna e o contínuo que atendeu me disse: ''Agora vai estourar a terceira guerra mundial''.Passei o dia diante da TV. Eu queria acompanhar tudo.
Uma das imagens que mais me impressionaram foi a de um homem agitando a camisa branca em um dos últimos andares da Torre Norte em chamas. Decerto, o nome dele consta na relação de mortos. Ele não teria como sair vivo dali.
Os equipamentos do Corpo de Bombeiros não seriam suficientes para atingir aquela altura. O calor em torno dos prédios não permitiria a aproximação de helicópteros. Pensava nisso tudo por me lembrar de incêndios como o do Edifício Andraus e o do Joelma, em São Paulo.
Uma semana depois, no dia 18 de setembro de 2001, mencionei na coluna Campus, que eu assinava em A Tribuna (ver imagem acima), a cena do rapaz sacudindo a camisa branca.
''Quando vocês forem construir suas torres, lembrem-se de nos consultar''.
Relacionei com Inferno na Torre, filme que narra o incêndio em um edifício de 138 andares no dia da inauguração. O prédio fictício, chamado de Torre de Vidro, era mais alto que as torre gêmeas de Nova Iorque.
Em uma das cenas finais, o bombeiro Michael O'Hallorhan, interpretado por Steve McQueen, chama a atenção do arquiteto Doug Roberts, vivido por Paul Newman: ''Quando vocês forem construir suas torres, lembrem-se de nos consultar''. O alerta feito em 1974 pelo personagem tem sentido ainda hoje porque a escada Magirus dos bombeiros só alcança cerca de 30 metros de altura. Mesmo assim, os edifícios estão cada vez mais altos.
The Telegraph, 11 de setembro de 2006 Clique na imagem para ampliar |
Os atentados às torres gêmeas também me trouxeram à mente a música Nostradamus, de Eduardo Dusek. Principalmente os trechos em que ele canta: "Alguns edifícios explodiam/ pessoas corriam (...) De repente,/ na minha frente/ a esquadria de alumínio caiu/ junto com o vidro fumê,/ o que fazer?/ tudo ruiu,/ começou tudo a carcomer,/ gritei,/ ninguém ouviu (...)/ O dia virou noite/ o sol foi pro além (...)".
As lembranças dos ataques às torres são mais chocantes porque acompanhamos ao vivo pela TV. Mas não suavizam o que aconteceu no prédio do Pentágono, onde morreram 189 pessoas, nem a história do voo 93, que foi impedido pelos passageiros de atingir a Casa Branca ou o Capitólio e caiu em um campo da Filadélfia, matando todos que estavam a bordo. Também não nos fazem esquecer das vítimas de outros atos bárbaros que aconteceram depois, como as explosões em trens de Madri (11 de amrço de 2004) e no metrô e em um ônibus em Londres (7 de julho de 2005) e as próprias guerras contra o Afeganistão e o Iraque.Hoje, diante de tantos interesses e insanidades que movem o mundo, rezar pela paz entre os homens e nos apegar à fé, à solidariedade, ao amor, à esperança podem parecer atitudes tolas. Mas o que nos resta a não ser essas ações e esses sentimentos tidos como abstratos e que nesses momentos são tão acolhedores?
None of us will ever forget that day
(Nenhum de nós jamais se esquecerá daquele dia)
(Nenhum de nós jamais se esquecerá daquele dia)
Oi Lídia.
ResponderExcluirTambém me lembro desse dia. Eu estava na Facos puxando uma DP em psicologia. Cheguei em casa e o vizinho me parou na porta do prédio dizendo que os EUA estava sendo "bombardeado". Achei estranho e corri para a TV. Ainda cheguei em tempo de ver o segundo avião batendo. Na hora eu pensei: "Porra, o mundo vai mudar a partir de hoje".
Bom saber que a mania de dizer "ele bebeu" é anterior à minha chegada em AT...
ResponderExcluirMas surpresa maior ainda está por vir, minha querida. Um dia se revelará que o ataque ao WTC teve anuência do governo norteamericano, exatamente como outros 'grandes ataques' sofridos por aquele país. A queda livre daquele monte de aço e concreto - e de um terceiro prédio a 90 metros dali que sequer foi atingido pelos aviões - desafia todas as leis da física.