sábado, 23 de setembro de 2023

Você conhece a expressão "PT saudações"?

Lídia Maria de Melo

Outro dia, em uma rede social, perguntei a meus seguidores se alguém conhecia a expressão "PT Saudações".
Alguns, mais velhos, disseram que sim.
Outros preferiram não arriscar uma resposta.
Pois bem, vamos às explicações.

A expressão surgiu com o telegrama, meio de comunicação inaugurado no Brasil no fim do século 19, após a invenção do telégrafo. Tratava-se de uma forma bem rápida e urgente  de comunicação.
Era uma alternativa à carta, que demorava dias para ser entregue.
A linguagem do telegrama era sintética, sem preposições, artigos e pontuação, para reduzir o custo da mensagem, entregue pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
As letras PT eram a abreviação de ponto (final). Não tinham (nem têm) qualquer ligação com o partido político, que só surgiu décadas depois.
A palavra "saudações" era um cumprimento  formal, equivalente a  "um abraço", "passar bem" etc. Com o tempo, "PT Saudações" passou a ser usada com o sentido de despedida.
Às vezes, quando uma conversa ficava alterada, era comum um dos interlocutores encerrar o assunto, usando essa expressão, numa demonstração de contrariedade, ou de desprezo pelo interlocutor. Ao mesmo tempo, encostava o dedo indicador na própria testa e apontava em direção ao outro, como se batesse continência. Depois, dava as costas e ia embora.
Hoje, quem pesquisa telegrama na internet só encontra o aplicativo Telegram, que não é o dos Correios, mas segue o mesmo conceito: mensagem rápida.
Em tempo: os Correios ainda oferecem o serviço de envio de telegramas.


terça-feira, 9 de maio de 2023

Aos 9 anos, descobri Rita Lee com um coração no rosto. Desenhei um na mão, como me despeço hoje

Lídia Maria de Melo

Nem sei quantas vezes já contei esta história. Eu tinha 9 anos quando vi Rita Lee cantar nos Mutantes, grupo que formava com Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. Era o festival de música da TV Record, de 1967. Eles acompanhavam Gilberto Gil, que defendia "Domingo no Parque". Rita aparecia fantasiada, tocando prato, e com um coraçãozinho desenhado no rosto. Toda ruiva. Toda linda. No dia seguinte, na escola, eu tatuei um coração na minha mão, usando canetas esferográficas vermelha e azul. Minha primeira transgressão. Nos anos 1980, bailamos ao som das canções que ela fez com Roberto de Carvalho. Em janeiro de 1995, tive o privilégio de vê-la cantar bem de perto, no maravilhoso show que ela fez antes dos Rolling Stones subirem ao palco no Estádio do Pacaembu. Miss Brasil 2000. Hoje, parece mentira que nossa Rainha do Rock se foi. Desenho de novo o coraçãozinho na mão, em sua homenagem. Com lágrimas nos olhos.
Anúncio da família
sobre a morte de Rita Lee



segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Povo que lutou por democracia ocupa Brasília na posse de Lula e entrega a faixa presidencial

 Lídia Maria de Melo

O Brasil está de volta à civilidade.
2022 foi-se embora. Levou nas costas a fama de ano louco.
Agora, o calendário virou a página. Ontem, dia 1º de janeiro de 2023, já foi outro dia, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato.
O Planeta Terra voltou a ser redondo, graças à resistência das pessoas que não se curvaram à panaceia dos últimos quatro anos.
2023 chegou e precisamos de coragem para recomeçar e recuperar  o Brasil. De mãos dadas somos mais fortes.
O slogan do novo Governo Federal, neste terceiro mandato de Lula, representa bem esse pensamento: "Brasil - União e Reconstrução".
A multidão que foi aclamar Lula ontem em Brasília também dá a medida correta dessa filosofia.
Os que ali estavam não eram fanáticos, mas pessoas que lutaram pelo restabelecimento da democracia no País.
Havia um clima de felicidade no ar e, quando os repórteres entrevistavam os que se aglomeravam na Praça dos Três Poderes, esperando que Lula subisse a rampa do Palácio do Planalto, cada um sabia dizer com muita clareza e propriedade o motivo pelo qual decidiu participar da posse.


Povo ocupa a Praça dos Três Poderes
Foto de Warley Andrade/Agência Brasil - EBC

Entre os presentes, havia muitos professores. Alguns, da cidade de Santos. Por eles, eu me senti representada.
Quem transmitiu a faixa governamental ao novo presidente foram pessoas do povo. Isso só foi possível, porque o presidente anterior recusou-se a participar da solenidade de transmissão do cargo, escapando pela porta dos fundos.
Na verdade, ainda bem que ele se omitiu, porque abriu espaço para que os organizadores da solenidade tornassem o povo protagonista desse momento importante.

Já com a faixa presidencial, 
Lula e os representantes do povo
acena para a multidão
Foto de Tânia Rego/Agência Brasil - EBC

A faixa presidencial acabou sendo entregue a Lula por:
Francisco Carlos do Nascimento, um menino de 10 anos, filho de uma assistente social e de um advogado, morador de Itaquera, em São Paulo, corintiano e nadador que ganhou o primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista em 2022. 
Aline Souza, catadora de material reciclável, mãe de sete filhos e presidente da Rede Centcoop -DF, que reúne catadores do país. Foi ela que colocou a faixa presidencial em Lula, após passar pelas mãos dos demais.
Cacique Raoni Metuktire, líder indígena da aldeia Kraimopry-yaka, de 93 anos, conhecido mundialmente, por sua luta em favor da Amazônia e dos povos da floresta.  Amigo do cantor inglês Sting, é da etnia caiapó e habita a região do Rio Xingu.
Weslley Viesba Rodrigues Rocha,  metalúrgico de 36 anos, que trabalha no ABC paulista e é formado em Educação Física, com benefício do Fies (Programa de Financiamento Estudantil). Atua tabém como DJ no grupo de rap Falange.
Murilo Quadros de Jesus, professor universitário, formado em Letras pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Jucimara Fausto dos Santos, cozinheira que mora em Maringá, no Paraná.
Ivan Baron, ativista potiguar em defesa da inclusão e engajado na luta anticapacitista. Aos 3 anos de idade teve meningite viral, o que lhe causou paralisia cerebral.
Flávio Pereira, artesão paranaense que esteve presente durante 580 dias de vigília, enqaunto Lula foi mantido preso em Curitiba (PR).


A catadora Aline Souza coloca a faixa presidencial
no presidente Lula.
Foto de Tomaz Silva/Agência Brasil - EBC


O nadador Francisco Carlos, de 10 anos,
foi um dos escolhidos para 
entregar a faixa a Lula.
Foto de Tomaz Silva/Agência Brasil - EBC

Lula e o cacique Raoni, da etnia caiapó,
que tem 93 anos, habita a região do Rio Xingu
e é conhecido internacionalmente por
sua luta em favor da Amazônia e
dos povos das florestas. 
Foto de Tânia Rego/Agência Brasil - EBC


Santos homenageia Pelé em queima de fogos nas praias, à luz da Lua, na chegada de 2023

Lídia Maria de Melo


Na noite do Revéillon, a cidade de Santos homenageou o Rei Pelé, pouco antes da queima de fogos iniciada à meia-noite do dia 31 de dezembro de 2022, abrindo o ano de 2023. A duração foi de 14 minutos.
Já a homenagem ao Rei do Futebol e Atleta do Século XX, que faleceu erm 29 de dezembro de 2022, foi realizada na Praia do Gonzaga, por uma equipe da Prefeitura de Santos, que utilizou 80 drones. 
Como o vídeo mostra, em fotos, houve uma animação no céu, sob a luz do luar.  Milhares de pessoas acompanharam da areia das praias. 
Primeiramente, apareceram pontos de luz formando três corações, numa referência à cidade mineira onde, em 23 de outubro de 1940, nasceu Edson Arantes do Nascimento, filho de Celeste Arantes do Nascimento (nascida em 20 de novembro de 1922) e  Antônio Ramos do Nascimento (o jogador Dondinho, nascido em 2 de doutubro de 1917 e falecido em 16 de novembro de 1996).
Na sequência da homenagem, os drones projetaram no céu de Santos o distintivo do Santos Futebol Clube, time da Vila Belmiro, ode Pelé jogou de 1956 a 1974. 
Depois, aparecem dois garotos jogando bola. Um deles é Pelé, que chuta três bolas, mantidas iluminadas. 
Na próxima imagem, uma das pernas do menino transforma-se no número 1, que, ao lado das três bolas, ajuda a formar a imagem de 1000, simbolizando os mil gols completados por Pelé em 19 de novembro de 1969, no Estádio Mário Fuilho, o famoso Maracanã, em uma partida entre o Santos e Vasco, válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. 
O gol de número 1.000 Pelé dedicou às crianças brasileiras. 
O goleiro do Vasco, que não conseguiu evitar o milésimo gol, foi o argentino Edgardo Andrada, falecido aos 80 anos, em 3 de setembro de 2019, e que, segundo a revista IstoÉ, mais tarde, atuou como agente da ditadura da Argentina (1976-1983).
A próxima projeção da homenagem é Pelé beijando uma taça, seguida pela comemoração tradicional dele, saltando e dando o conhecido soco no ar. 
Em seguida, surge a assinatura de Pelé. 
A última imagem mostra a assinatura ao lado de um coração. 
A multidão, então, ovaciona o ídolo que se consagrou como um dos maiores esportistas do mundo. 
Só então, começa a queima de fogos, marcando a entrada de 2023.
O Atleta do Século XX faleceu em 29 de dezembro de 2022, no Hospital Albert Einstein, na cidade de São Paulo, começou a ser velado no gramado do Estádio Urbano Caldeira, sede do Santos Futebol Clube, na Vila Belmiro, na cidade de Santos, às 10 horas de 2 de janeiro de 2023. 
Às 10 horas de 3 da janeiro de 2023, o caixão de Pelé será transportado em caminhão do Corpo de Bombeiros plas ruas de Santos, para que possa passar em frente à casa de dona Celeste, no Canal 6, no bairro da Ponta da Praia.
O sepultamento do atleta, que também jogou no Cosmos, de Nova York, marcou 1.282 gols na carreira e foi tricampeão em Copas do Mundo, será realizado no Memorial Necrópole Ecumênica. 
Em 5 de fevereiro de 2004, tive a oportunidade de entrevistar Pelé, para um livro que estava escrevendo (Rosinha Viegas, A Garra de Uma Leoa). A entrevista foi realizada em uma sala da sede antiga da TV Tribuna, então localizada na cidade de São Vicente, na Rua Antônio Emmerich. 
Na emissora, ele estava gravando um comercial, junto com seu barbeiro, Didi. 
Além da entrevista, eu o fotografei. Ele concedeu autógrafo em uma camiseta do Santos, de número 10, para meu sobrinho. Também fez uma foto comigo, com a mão em meu ombro, muito sorridente. O fotógrafo que registrou esse momento foi o uruguaio Walter Cabrera. 


Fotografei a assinatura de Pelé
em uma placa da empresa dele
exposta na Rua Bittencourt, em Santos.


Imagem de Pelé, exposta no Memorial das Conquistas,
na sede do Estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro, sede
do Santos Futebol Clube, time onde Pelé jogou
de 1956 a 1974.

Eu e Pelé em 5 de fevereiro de 2003
na antiga sede da TV Tribuna
em São Vicente.
Nesse dia eu o entrevistei e fotografei.

 
Leia mais em: 

                         Pelé, 80 anos 
                         

                         De placa, mas não é gol.