Há 36 anos, Adélia Prado autografou para mim o livro Os Componentes da Banda. |
Quando ouvi as primeiras palavras, logo reconheci os versos de Adélia Prado, publicados originariamente em seu livro "Terra de Santa Cruz" (1981). (Leia o poema no final da postagem).
Hoje, decidi folhear de novo seus livros.
Quando abri "Os Componentes da Banda" (1984), me surpreendi ao rever a dedicatória que Adélia Prado me fez quando a entrevistei em sua casa em Divinópolis (MG). A data registrada por ela é 21 de julho de 1984.
Ou seja, hoje faz exatamente 36 anos.
Seria coincidência?
Dizem que ela não existe. Não sei.
Quando entrevistei Adélia, eu estava no terceiro ano do curso de Jornalismo.
O tempo corre ligeiro demais.
A coincidência talvez seja um recado da vida.
Já passou da hora de publicar todos os livros que escrevi e ainda mantenho inéditos.
Leia a matéria que publiquei sobre Adélia Prado no jornal A Tribuna, de Santos, em 3 de novembro de 1990. Clique aqui.
A dedicatória data de 21 de julho de 1984. |
Entrevista com Adélia Prado e análise de sua obra estão em reportagem que publiquei no jornal A Tribuna em 3 de novembro de 1990. |
Casamento
(Adélia Prado)
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’
‘prateou no ar dando rabanadas’
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
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