domingo, 21 de junho de 2015

A bem da História e do Jornalismo, almirante comandou prisões no navio Raul Soares em 1964. Minha carta no Painel do Leitor, da Folha

A bem da História e do Jornalismo.
No dia 14 de junho,  a Folha de S. Paulo publicou a coluna intitulada "Conversa com o almirante", na qual o jornalista Bernardo Mello Franco noticia a morte do ex-ministro do STM Júlio de Sá Bierrenbach e elogia seu empenho para que o Caso Ricentro, de 1981, fosse apurado. O artigo traça o perfil de um defensor da democracia. No entanto, nada menciona sobre sua atuação como capitão dos portos em Santos, em 1964, quando coordenou o uso do navio Raul Soares como presídio político durante seis meses.
Enviei e-mail ao Painel do Leitor e esperei por três dias. Como não foi publicado, mandei outro à ombudsman Vera Guimarães Martins. Funcionou. Imediatamente, Bernardo contatou-me. Disse-me que desconhecia a história do navio-prisão Raul Soares.
Hoje, minha manifestação foi publicada no Painel do Leitor, sob o título "1964".
A versão saiu reduzida, mas eu mesma resumi, a pedido do editor da seção, que estabelece o limite de 600 caracteres com espaço.
O importante é que, mesmo no pé da coluna, minha manifestação alcançará aqueles que ainda leem jornais, impressos ou digitais, e que prezam pelo bom Jornalismo e pela História.
É certo que o almirante teve posição louvável na apuração do Caso Ricentro, ocorrido em 1981, no Rio de Janeiro. Porém, não se pode omitir que, sob seu comando, de abril a outubro de 1964, o navio Raul Soares serviu de presídio político no Porto de Santos. Essa embarcação foi considerada pela Comissão Nacional da Verdade um dos centros de tortura no Estado de São Paulo.
Bierrenbach também chefiou os interrogatórios de portuários e outros profissionais no ano do golpe militar (dentro do Inquérito Policial Militar - IPM da Orla Marítima), além de intervenções em sindicatos ligados às atividades portuárias.
Nem todas as ações seguiam os ditames da lei e da Justiça.
Na versão impressa digital, com foto, o título foi: Leitora comenta coluna sobre morte do ministro do STM.
Para ler a coluna de Bernardo Mello Franco, clique aqui.
Neste blog há vários artigos e reportagem sobre o navio. Para ler, clique aqui.
Na coluna à direita, é possível acessar quatro vídeos em que faço um depoimento à Universidade de São Paulo.

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