terça-feira, 24 de agosto de 2021

Morte de Charlie Watts me faz lembrar do show dos Rolling Stones em S. Paulo, no Pacaembu, em 1995

 Lídia Maria de Melo
Fotos do meu acervo

Hoje, acordei muito cedo, mas só no início da tarde ouvi a notícia. "Charlie Watts morre aos 80 anos". Logo, pensei: os Rolling Stones nunca mais serão os mesmos. Imediatamente, lembrei-me do show Voodoo Lounge, a que tive o privilégio de assistir, junto com minha irmã, no Estádio do Pacaembu, em 28 de janeiro de 1995, um sábado, que começou chuvoso, mas terminou estrelado, ao som do rock da banda mais aclamada da história.

O público aplaudiu cada um dos Stones, mas o baterista Charlie Watts foi ovacionado por longos minutos. Os aplausos eram contínuos. Emocionado, ele se levantou, curvou-se, em reverência, e fez um gesto com as mãos e uma expressão facial, como se perguntasse: “Por que eu?”. A banda inglesa tinha quatro estrelas de primeira grandeza, mas Charlie Watts encarnava a elegância dos lordes.

Em 18 de abril de 2020, também um sábado, quando o mundo começava a tentar sobreviver ao coronavírus, os Rolling Stones marcaram presença no festival virtual Together at Home. Dessa vez, cada um em sua casa, cantando e tocando You Can’t Always Get What You Want. De novo, Charlie Watts foi destaque. Quando apareceu no quadrado destinado a sua imagem, tinha duas baquetas nas mãos, mas atuou como um menino que sonha um dia ser baterista. Tocou um instrumento imaginário, fazendo do braço de uma poltrona o grande prato de sua batera. Um gentleman! Um verdadeiro lorde!

Em outras ocasiões, escrevi sobre o show de 1995. Hoje, não há como deixar de repetir.

O show Voodoo Lounge, dentro da programação Hollywood Rock, seria no Morumbi, mas o estádio não foi liberado. Então, transferiu-se para o Pacaembu, que é menor. Assim, em vez de duas apresentações, houve necessidade de três, nos dias 27, 28 e 30 de janeiro de 1995. O ingresso deveria ser trocado. Quem não fez isso, como eu e minha irmã, foi obrigado a comprar outro, ou deixou de ver o show.

Nós compramos outros ingressos. Fomos no segundo dia. Minha irmã havia perdido a oportunidade de assistir ao show dos Stones em Praga. Dessa vez, ela não admitia perder de novo. Por nada, neste mundo.

Fomos cedo para São Paulo, em um ônibus de uma agência de turismo. Pegamos fila e chuva. Compramos capas de plástico transparente e com capuz. Quando abriram os portões, tivemos que depositar o ingresso na catraca. Não havia devolução. Como eu e minha irmã tínhamos os que deveriam ser trocados, pudemos guardar esses de lembrança.

O primeiro show em São Paulo foi realizado na sexta-feira, mas a chuva atrapalhou. Testemunhamos o da noite de sábado. Para nós, o melhor.

Antes dos #Stones nos encantarem indescritivelmente, subiram ao palco Barão Vermelho, Spin Doctors e Rita Lee, o tempo todo maravilhosa e surpreendente. Na execução de "Miss Brasil 2000", a roqueira brasileira teve a companhia de uma modelo, com cetro, coroa e um manto, que, aberto, exibiu rapidamente a total nudez da moça sob a veste.

Houve fogos de artifícios, telões, o dirigível da Pepsi sobrevoando-nos e artistas brasileiros entre o público, como Arnaldo Antunes, Paulo Ricardo e Luciana Vendramini. E, óbvio, muito, mas muito rock 'n' roll, por conta do rebolante e simpático Mick Jagger, do psicodélico Keith Richards, do caçula Ron Wood e do elegante Charlie Watts.

Não temos fotos, nem gravações da turnê Voodoo Lounge, porque máquinas eram proibidas. O melhor, como costuma dizer minha irmã, está registrado na memória. E eu digo, no coração também. Valeu, Charlie Watts. Muito obrigada. Para sempre. 


#therollingstones   #charliewatts  #mickjagger  #keithrichards  #ronwood  #rocknroll 

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