domingo, 10 de março de 2019

Distração em dobro. Entrei em carro gêmeo do meu

Lídia Maria de Melo 


No final da manhã, de ontem, de maneira involuntária, tomei parte de um típico exemplo de distração em dobro.
Precisei deixar meu carro no estacionamento do Super Centro Boqueirão, primeiro centro comercial da América Latina, em funcionamento desde 1965 em um trecho das ruas Oswaldo Cruz, Lobo Viana e Álvares de Azevedo, no Bairro do Boqueirão, em Santos. O local é bastante agradável para compras e um lanche rápido, porém, um verdadeiro desafio de localização para os clientes. Em seus corredores, quase todo mundo se perde à procura de uma alguma loja, porque a planta parece ter sido moldada no mitológico labirinto da Ilha de Creta. 
Minha estada, no entanto, nada teve a ver com essa pitoresca característica. Foi rápida e sem necessidade de GPS, mapa ou bússola.
A tranquilidade vigorou até o retorno a meu carro.
Depois de pagar R$ 12,00 no guichê, por menos de uma hora de uso, desativei o alarme do veículo, abri a porta e, imediatamente, observei no tapete algo escrito com letras vermelhas. Uma marca bem pequena. Pensei que fosse um selo ou um papel caído. Entrei e me acomodei ao volante. Olhei rapidamente e vi que o tapete do lado do carona tinha a mesma inscrição. 
No câmbio, algo metálico me causou estranhamento. No banco ao carona, percebi uns objetos desconhecidos. Eu tinha deixado uma sacola plástica da Livraria Loyola, com quatro livros de teor político que tinha acabado de comprar. 
Tudo aconteceu em milésimos de segundos. O suficiente para eu perceber que aquele carro não era o meu. 
Saí imediatamente. Poderiam pensar que eu estava tentando roubar aquele automóvel. Ou, pior, eu poderia ser acusada de ter subtraído algum objeto alheio. Apesar de ter sido tudo rápido, juro ter visto uma carteira em cima do banco ao lado do assento do motorista. E eu sou uma pessoa honesta! Jamais pegaria algo que não me pertencesse! E se o dono do carro não acreditasse? Até provar que focinho de porco não é tomada!
Meu carro, do mesmo modelo, mesma marca e mesma cor, estava exatamente ao lado daquele no qual entrei por engano. Era um gêmeo dele. 
Busquei com os olhos alguém com quem pudesse me desculpar. 
Um senhor fumava, bem próximo, caminhando de um lado ao outro, mas nem me olhou. Pensei: "Como consegui abrir o carro com meu alarme?". Mas não foi isso.
Enquanto entrava no meu e dava partida, deduzi o que de fato ocorreu. 

Quando desativei o alarme, o som dessa ação veio do meu. Porém, não percebi que, naquele momento, havia dois carros idênticos, um ao lado do outro. Mirei no que não era meu e entrei. Só que o carro errado estava aberto, porque aquele senhor fumante, mais distraído que eu, estava ali, guardando o próprio veículo. Por isso, estava destrancado. 
O mais surpreendente é que, embaixo de suas barbas, eu, se fosse uma ladra, poderia ter levado o carro dele, ou os objetos que estavam lá dentro. E ele... Ah, ele não percebeu absolutamente nada!

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