quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Lembranças do Brasil e de mim. Com Clóvis Rossi, Antônio Britto e Pedro Bial

Lídia no auditório da
Faculdade de Comunicação - 1983

Lídia Maria de Melo
Ao rever Clóvis Rossi, ao lado de Antônio Britto, no programa  Conversa com Bial, hoje de madrugada, me lembrei de muitas coisas do Brasil: eleição de Tancredo Neves no Congresso Eleitoral; o fim da ditadura; o Rock in Rio; agonia do presidente eleito; a conduta irrepreensível de Brito, a alegria e a tristeza do Brasil, mas, antes de tudo, a conciliação, a fé em um País melhor. Lembrei-me também de mim mesma na Faculdade de Comunicação, na Universidade Católica de Santos. Um caminho para o jornalismo.
Uma dessas lembranças começa em 1984.
Minha turma de Jornalismo (3.º ano do curso) foi levada pelo prof. Dirceu Lopes Fernandes à Folha de S. Paulo, em um domingo de manhã. Depois, assistimos à peça Chiquinha Gonzaga, no Teatro do Sesi, na Paulista. Eu tossia demais!
Na Redação quase vazia da Folha, vi a mesa e a cadeira de Clóvis Rossi, um ícone do jornalismo já naquela época. Surpreendi-me, porque era uma mesa simples, de madeira e sem verniz. A cadeira, também rústica, estava meio descascada. Velha. Pensei, incrédula: "É aqui que senta Clóvis Rossi?!"
À época, a fotografia não era coisa banal. Eram necessários máquina e filmes. Por isso, não tenho fotos. Só lembranças. Meses depois, Clóvis Rossi veio fazer palestra na faculdade, durante a Semana de Comunicação. Após a palestra, na companhia do prof. Dirceu e de outros poucos alunos, fui jantar com Clóvis Rossi na tradicional Cantina Liliana, na Avenida Ana Costa.
Entre um pedaço e outro de pizza, comentei que conhecera a mesa dele em um domingo na Folha. Ele contou que, não sabia por quê, nunca mais havia sido colocado na escala de trabalho de fim de semana. Era uma deferência.
Anos mais tarde, quando eu fazia Mestrado na USP sobre Jornais e Neologismos (1998-2001), recorri a Clóvis Rossi. Para que ele soubesse de onde nos conhecíamos, lembrei-o da palestra e de nossa pizza na Liliana.
Eu precisava de informações sobre o episódio que levou o ex-ministro Rogério Magri a dizer que um dos planos do então presidente Collor era "imexível" e, com isso, criar, sem querer, uma nova palavra na língua portuguesa.
Atencioso, Clóvis Rossi não só me respondeu, como pediu uma pesquisa no arquivo da Folha e me enviou fac-símile de reportagens da época. Ajudou-me em meu Mestrado. Tanto, que incluí um agradecimento especial a ele na dissertação. Tudo, resultado da palestra na Facos e daquela pizza na Cantina Liliana.
Essas vivências me dão um incalculável prazer.

***
Hoje de manhã, o ex-aluno e agora jornalista João Neto deixou-me esta mensagem no meu Facebook:
“Antônio Brito virou uma de minhas referências após ler "Assim Morreu Tancredo", indicação de sua cesta de livros no 1º ano de jornalismo. Li mais de uma vez e, agora, me preparo para assistir "O Paciente" nos cinemas, na expectativa de mergulhar novamente neste importante período de nossa história. Obrigado, professora.”



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