Para marcar a data, entrevistei Celso Lungaretti, jornalista, escritor, ex-integrante da organização de esquerda Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e ex-preso político, que foi torturado e, no limite de suas forças físicas e mentais, obrigado a assinar um documento em que renunciava a seus ideais.
A entrevista saiu na página A-3 da edição impressa do jornal A Tribuna (de Santos) de 31/3/08.
Clique na imagem para ampliar e ler:
Nem tudo pôde ser publicado, por falta de espaço. Entre o material que sobrou, está o trecho abaixo, em que Celso Lungaretti fala sobre a ação das Farc e da guerrilha brasileira:
Lídia Maria de Melo (**): _ Você já condenou as ações da Farc na Colômbia. Há quem compare a organização colombiana com as brasileiras que pegaram em armas na época da ditadura militar. Você concorda com a comparação?Celso Lungaretti (***): _ Não. Lutávamos contra uma ditadura ostensiva. Eles, contra uma democracia que tem alguns traços autoritários, mas nem de longe pode ser comparada com os regimes militares das décadas de 1960 e 1970. No nosso caso, era indiscutível que estávamos exercendo o direito milenar de resistência à tirania. No deles, isso é, no mínimo, ambíguo. Finalmente, mantínhamos uma ética de combatentes por um mundo melhor: mesmo enfrentando um inimigo que recorria aos expedientes mais hediondos, esforçávamo-nos para não nos igualarmos a ele. Podemos ter cometido um ou outro exagero no calor da luta, mas nunca seríamos capazes de manter 700 cidadãos em cativeiro degradante. Sequestrávamos diplomatas para trocá-los por companheiros que estavam sendo barbaramente torturados e poderiam ser executados a qualquer momento, não para obter resgates, pressionar governos ou usá-los como escudo protetor.
(*) Leia mais sobre o golpe militar.
(**) Celso Lungaretti é autor do livro Náufrago da Utopia _ Vencer ou Morrer na Guerrilha. Aos 18 Anos.
(***) Lídia Maria de Melo é autora do livro Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós. Também escreveu artigos e reportagens sobre o assunto. Clique para ler Vladimir Herzog, Anistia, Ainda a Ditadura Militar, Raul Soares- Thomas Maack, Raul Soares, Um Navio Tatuado Em Nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pelo comentário. Assim que for lido, será publicado.
Volte mais vezes. Se desejar resposta individual, deixe seu e-mail.
De todo modo, identifique-se, para facilitar o direcionamento da resposta.