quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nigéria e Estados Unidos me fizeram
lembrar da Copa do Mundo de 94




O jogo da Nigéria contra a Coreia do Sul, ontem, e o da Inglaterra contra a Eslovênia e Estados Unidos contra Argélia, hoje, me fizeram lembrar da Copa de 1994, nos Estados Unidos.
Já escrevi sobre isso no meu antigo blog em 22 de junho de 2006. Mesmo correndo o risco de me tornar repetitiva, vou rememorar.
Em 1994, Itália e Nigéria disputavam uma vaga nas oitavas de final. Eu passeava em um shopping de Santos e passei a acompanhar o jogo pelo telão. A Nigéria vencia a Itália por 1x0. Os italianos não apresentavam preparo físico. Os nigerianos davam ‘olé’ já nos últimos instantes do segundo tempo. Foi aí que o Baggio roubou a bola quase que no meio do campo e disparou em direção ao gol. Não deu outra. Empatou aos 43 minutos do segundo tempo. O jogo foi para a prorrogação e um outro Baggio, o Dino, marcou para a Itália. Resultado: por ingenuidade, a Nigéria, cujo time foi apelidado de Os Águias, voltou para casa.
Ontem, a Nigéria ganhava da Coreia do Sul e poderia se classificar. Estava feliz e os jogadores quase voavam em campo. Mas... Sempre o mas. Eles permitiram a reação sul-coreana. Com 2x2 e também em função do resultado de Grécia e Argentina, a Nigéria perdeu a vaga.
Hoje, nos instantes finais da partida, os Estados Unidos fizeram a rede da Argélia balançar. Conclusão: deixaram de dar adeus à Copa e conquistaram o primeiro lugar no Grupo C, arrancando dos pés da Eslovênia a vaga que ela estava certa de ter arrebatado. Os súditos da Rainha, inventores do futebol, também continuam na África do Sul, mas em segundo lugar. Os argelinos voltam para casa.
Tanta reviravolta por causa de um gol norte-americano marcado aos 45 minutos do segundo tempo.
Pena não poder assistir a todos os jogos.
Abaixo, o texto publicado no meu blog anterior em 22 de junho de 2006:

Mulher e Copa do Mundo
Copa do Mundo é sempre a mesma história: mulher não entende de futebol!
Não sei se entendo, mas tenho memória de jogos de Copa.
A mais remota é de 1966. Jogo acompanhado pelo rádio.
Eu era muito menina e só me lembro de que foi na Inglaterra e, no jogo entre Brasil e Portugal, os jogadores lusitanos ‘’batiam’’ demais no Pelé. Placar: eles ficaram com 3 e nós, com 1 e voltamos para casa.
Na Copa seguinte, em 1970, a história foi outra. Todo mundo cantava: ‘‘Noventa milhões em ação/ Pra frente Brasil, do meu coração...’’
A Seleção Eterna (Félix, Pelé, Tostão, Rivelino, capitão Carlos Alberto, Everaldo, Jairzinho, Gérson, Piazza, Brito, Clodoaldo, liderados por Mário Jorge Zagallo) conquistou definitivamente a Taça Jules Rimet pelo tricampeonato, no Estádio Azteca, na Cidade do México, depois de ter encantado também a torcida em Guadalajara.
Como vivíamos uma ditadura, muita gente torcia o nariz para a conquista porque o governo militar, na época representado por Emílio Garrastazu Médici, tirou proveito.
Toda vez que Jairzinho fazia um gol, minha irmã mais nova, de 6 anos, gritava: _ Jairzinho é meu time!
Meu pai era fã incondicional do Gérson, o Canhotinha de Ouro.
No último jogo, entre Brasil e Itália, foram quatro gols brasileiros. O último, de Carlos Alberto. Pelé deixou para o capitão do time, para que ele também marcasse o seu. Carlos Alberto correu pela lateral direita e estourou a rede. O locutor Geraldo José de Almeida bradava: ‘‘Olha lá, olha lá, olha lá, no placarrrr'' ou ''Olha lá, olha lá, olha lá, no barrrbante: Brasil!!!’’
Quando ninguém marcava, o grito dele era: ‘‘Por pouco pouco, muito pouco, pouco mesmo!!!’’
Outras imagens são o Carlos Alberto erguendo a Jules Rimet, os mexicanos carregando o Pelé, de sombreiro, nos ombros... A recepção dos jogadores que desfilaram, como heróis, em carro do Corpo de Bombeiros.
Em 1974, foi aquela decepção. Perdemos! Foi a Copa da Laranja Mecânica ou Carrossel Holandês. Em 1978, só me lembro do 0x0 contra a Argentina. Eu voltava do Rio de Janeiro e o condutor do metrô, em São Paulo, de vez em quando repetia: zero a zero!
Nas de 1982 e 1984, não houve cenas dignas de recordação. Um nome ainda merece menção: o então goleiro da Itália, Dino Zoff, que disputou sua quarta e última Copa em 82, como o goleiro mais velho em campo, e que levantou a taça.
A de 1990 só me faz lembrar Roger Milla, da República de Camarões. Na época, estava com 38 anos. Em 1994, jogou aos 42 anos.

Já a Copa de 1994, nos Estados Unidos, deixou várias lembranças.
A Seleção Brasileira de Futebol conquistou o tão esperado tetracampeonato após 24 anos de ter sido tri no México. Venceu a Itália nos pênaltis.
Para a maioria dos torcedores, a imagem que ficou gravada foi a do goleiro Tafarell erguendo os braços para o céu, em sinal de agradecimento. Ao fundo, o italiano Roberto Baggio, com as mãos na cintura e o cabelo em trança, mirava o gramado, desolado por ter perdido o pênalti que garantiu a vitória do Brasil. Deu um chute jornada nas estrelas.
Baggio tinha sido eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo em 1993.
Naquele campeonato nos Estados Unidos, se não fosse por ele, a Itália teria voltado para casa nas oitavas-de-final, no jogo contra a Nigéria. Essa é a lembrança que tenho de Roberto Baggio. Para mim, uma das mais marcantes da Copa de 94.
Eu passeava em um shopping e passei a acompanhar o jogo pelo telão. A Nigéria vencia a Itália por 1x0. Os italianos não apresentavam preparo físico. Os nigerianos davam ‘olé’ já nos últimos instantes do segundo tempo. Foi aí que o Baggio roubou a bola quase que no meio do campo e disparou em direção ao gol. Não deu outra. Empatou aos 43 minutos do segundo tempo. O jogo foi para a prorrogação e um outro Baggio, o Dino, marcou para a Itália. Resultado: por ingenuidade, a Nigéria, cujo time foi apelidado de Os Águias, voltou para casa.
Na final entre Brasil e Itália, os italianos perderam para o desgaste físico. Caíam de cãibra.
Já o argentino Maradona foi pego no teste antidoping e acabou expulso da Copa.
No jogo realizado em 4 de julho, o lateral brasileiro Leonardo deu uma cotovelada em um jogador americano, que o mandou para o hospital.
Nesse campeonato, também ocorreu uma tragédia. Não nos Estados Unidos, mas na Colômbia. Depois que a seleção colombiana foi desclassificada e voltou para casa, o zagueiro Andrés Escobar, de 27 anos, foi assassinado em seu país. Ele havia marcado um gol-contra no jogo entre o time colombiano e o dos Estados Unidos, que teve o placar de 2 a 1, para os americanos. Coincidência ou não, outro jogador de sobrenome Escobar (Bernardo de Jesús) e 27 anos foi morto na mesma noite. Só que esse jogava futebol de salão. Os dois crimes ocorreram perto de Medellín.
Em 1998, trágica foi a atuação do Brasil na final contra a França. O que ocorreu com o Ronaldo dito Fenômeno, que eu sempre chamei de Boneco de Pebolim, nunca chegaremos a saber. Melhor nem comentar!
Em 2002, a nota triste não ocorreu na Coreia nem no Japão, mas em Belo Horizonte. Depois de escrever uma crônica sobre o jogo que o Brasil realizaria contra a Inglaterra, o jornalista Roberto Drummond teve um ataque cardíaco e morreu. Ele ficou conhecido no Brasil inteiro depois que seu romance ‘‘Hilda Furacão’’ foi adaptado para uma minissérie da Rede Globo. Eu o conheci no Rio de Janeiro, em 1985, em um congresso de literatura. Ele havia lançado ‘‘Hitler Manda Lembranças’’, depois de ‘‘Sangue de Coca-cola’’, que eu tenho autografado por ele. Conversamos demoradamente.
Quando esteve em Santos, um ano antes de sua morte, para lançar o ‘‘Cheiro de Deus’’, escrevi um artigo sobre ele e publiquei no jornal A Tribuna. Gostava dele.
Fanático por futebol, não chegou a ver o Brasil ganhar da Inglaterra por 2x1. Os jogos eram de madrugada ou de manhãzinha. No final de sua última crônica, para o jornal O Estado de Minas, ele escreveu: “Mais do que nunca, gostaria de ter uma bola de cristal ou os poderes de vidente de minha amiga madame Janete só para saber quem venceu, se a Seleção de Ronaldinho, se a seleção de Beckham’’.
A Copa de 2002 foi a do ânimo, o do Felipão, que não deu moleza para jogador manhoso como alguns que temos. Já o sr. Parreira... Só com ele o Ronaldo, que era Ronaldinho e virou Ronaldão, tem fricote em dia de jogo. Chama o Felipão!!!

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