Em 13 de setembro de 2006, no meu antigo blog, escrevi sobre o conto Brokeback Mountain, de Annie Proulx, que originou o filme de Ang Lee. Hoje, assisti mais uma vez a uma parte do filme, na TV Globo. Acho que é oportuno republicar parte daquele comentário.
Comprei a tradução do conto ‘‘Brokeback Mountain’’, da escritora estadunidense contemporânea Annie Proulx (lê-se Prul) e que deu origem ao filme homônimo, dirigido por Ang Lee e exibido no Brasil como ‘‘O segredo de Brokeback Mountain’’.Não costumo ler um livro depois de ter assistido a um filme, uma novela ou minissérie baseada nessa obra. A imaginação fica tolhida. Os personagens acabam assumindo a feição e os trejeitos dos atores da obra audiovisual. Como não pensar em Sônia Braga, por exemplo, quando se lê ‘‘Dona Flor e seus Dois Maridos’’, de Jorge Amado? Prefiro continuar tendo a possibilidade de participar da criação do escritor, montando cenários mentais e construindo os personagens a partir de sua narrativa e descrição.
A situação inversa não me incomoda. Posso ver um filme ou uma novela depois de ter lido o livro. Minha imaginação não se contamina. Quando assisti à peça ‘‘Macunaíma’’, dirigida por Antunes Filho, no Teatro São Pedro, na segunda metade dos anos 70, a encenação até me ajudou a entender o livro homônimo de Mário de Andrade.
Outro dia, vi as cenas de um filme, sem saber do que se tratava. Imediatamente percebi que era ‘‘O Código Da Vinci’’. O que o diretor Ron Howard transpôs para a tela era exatamente o que eu havia imaginado enquanto lia o livro de Dan Brown.
Todo esse preâmbulo para dizer que inverti meus conceitos ao ler o conto de Annie Proulx, depois de ter assistido ao filme de Ang Lee.
O filme me encantou, por isso tive receio de me decepcionar com o conto. O diretor poderia ter criado situações que não existiam no texto original. Mas, não. Ang Lee foi muito bem servido por Annie Proulx e muito fiel à obra da autora, que começou a escrever aos 56 anos de idade e hoje está com 70.
O conto e o filme são obras-primas. Quem deixou de ver o filme por medo de ser confundido com um homossexual não sabe o que perdeu. Também saiu no prejuízo quem não leu o conto.
Annie Proulx mora no estado onde se passa a história, Wyoming, no Centro-Oeste dos Estados Unidos, entre Utah, Montana e Colorado. Por isso, constrói com habilidade singular a atmosfera em que vivem os caubóis que se apaixonam um pelo outro.
A única diferença entre o filme e o conto é que os dois protagonistas são feios na prosa de Annie. No cinema, Ang Lee deixa de lado essa característica. Os atores Jake Gyllenhaal e Heath Ledger, que representam tão bem, respectivamente, os personagens Jack Twist e Ennis del Mar, são muito bem-apessoados.
Para mim, ‘‘Brokeback Mountain’’ é uma história de amor, contada com muita delicadeza e sensibilidade. Tanto no livro quanto no filme. A diferença é que os personagens apaixonados são dois homens que se deparam com um sentimento forte e não sabem como lidar com ele naquele lugar de valores morais tão arraigados e intransponíveis. Com isso, à expressão ‘história de amor’ se agrega o adjetivo ‘trágica’. Mas, sem dúvida, ‘bela’.
Acho que ‘‘Brokeback Mountain’’ deveria ter recebido o Oscar de melhor filme. Com todo respeito a Crash _ No Limite. Um bom filme, mas não vai para casa com o público, como ocorre com ''Brokeback...''.
Aqui faço um acréscimo: lamentei profundamente a morte, em 22 de janeiro de 2008, do ator Heath Ledger, que interpretou Ennis Del Mar no cinema. Um ator, na essência da palavra.
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
Brokeback Mountain
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Aconteceu o mesmo comigo, vi o filme e logo após li o conto. Gostei de ambos. Geralmente eu faço assim, não gosto de saber o final do filme antes de vê-lo.
ResponderExcluirE quanto ao Oscar, concordo com você, era de Brokeback Mountain. Fazer o que? São as velhas e conhecidas injustiças do Oscar.
Concordo com V. quanto a ler a obra e assistir ao filme. Também penso assim.
ResponderExcluirQuanto a Brokeback Mountain, não li o conto nem assisti ao filme.
Abraço.