Apesar do tempo, republico aqui, porque acho que ainda pode ter serventia.
Quarta-feira , 30 de Agosto de 2006
Lúpus
Existem coisas na vida que são muito íntimas. Essas não se deve revelar nem mesmo à própria sombra. Mas há outras que temos a obrigação de compartilhar, mesmo que não sejam tão agradáveis. É o caso de quando se convive com uma doença e se descobre que é possível vencê-la, apesar de ela não ser considerada curável. O ato de compartilhar pode trazer benefícios como os produzidos pelo trabalho voluntário.
Em 24 de dezembro de 2000 , deixei um depoimento no site Lúpus Brasil, desativado logo em seguida. Essa mensagem me rende contatos até hoje. São pessoas que têm necessidade de saber como consegui domar o lúpus eritematoso sistêmico (LES), doença reumática e autoimune que me foi diagnosticada na adolescência. Hoje, me lembrei dessa mensagem de seis anos atrás e de outro site que eu costumava freqüentar, o Lupus On Line. Tomei a decisão de transcrevê-la abaixo. Talvez sirva a outras pessoas.
Em tempo: por dois anos, colhi depoimentos, via e-mail, para posteriormente elaborar um livro sobre a doença. A correria do dia-a-dia ainda não permitiu que eu concluísse esse trabalho. Mas garanto a mim mesma que ele vai sair.
Vamos ao texto (não se esqueçam de somar mais seis anos a cada citação de idade e tempo transcorrido):
''24/12/00 _ 02h08 min58
Olá. Sou Lídia, estou com 43 anos e tenho lúpus há 26, ou seja, desde os 17 anos. Quase morri com a doença, mas há 7 anos ela está controlada. Não tomo mais cortisona nem qualquer outro remédio. Faço periodicamente os exames laboratoriais e clínicos de controle e me informo sobre tudo o que posso. Levo uma vida até bastante agitada. Sou jornalista e professora universitária. Estou inclusive escrevendo um livro sobre essa doença, para tentar ajudar as pessoas que ainda estão começando a conhecê-la. Fico triste ao saber que pessoas ainda morrem por falta de informação. Tive muita sorte de ter sempre tido bons médicos e uma mãe que correu atrás de tratamento para mim, quando essa doença ainda era muito mais desconhecida do que hoje. Na época, tive artrite, inchaço, derrame pleural e no pericárdio, taquicardia, queda de cabelo, febre, diplopia, vômitos, perda de peso, problemas na articulação da boca, nas gengivas, ginecológico, de pele, garganta... Só não tive asa de borboleta, nem problema renal, graças a Deus. Mas sempre precisei de um batalhão de médicos, porque a cortisona destruía minha imunidade, além de me deixar com o rosto imenso (cara de lua). Hoje, só não digo que estou curada, porque a medicina não permite. Mas estou ótima, com o rosto, cabelo e a imunidade normais. Comparando a tudo o que tive, nem parece que sou a mesma pessoa. Por isso deixo esta mensagem de otimismo. É possível reverter essa doença, como se ela nunca tivesse existido. Sou uma prova viva disso. Quem tiver interesse em colaborar com informações para uma reportagem sobre o tema, pode me escrever. Um abraço, Feliz Natal e Ótimo Ano-Novo. Lídia Maria de Melo (Santos/24/12/2000 )''.
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