A Uniban resolveu expulsar a estudante de Turismo Geisy Arruda, de 20 anos. Na noite de 22 de outubro, no período de aulas no campus da universidade em São Bernardo do Campo, a universitária foi encurralada e ofendida coletivamente por centenas de alunos.
O motivo do ataque foi o vestido rosa-choque que ela trajava. De mangas compridas, a peça tinha o comprimento das roupas que jovens de sua idade costumam usar. A diferença é que a barra canelada se ajustava ao corpo e ia subindo conforme ela andava ou sentava. Com isso, suas coxas ficaram mais expostas, como se estivesse de shorts.
Para um país com temperatura tropical, como o nosso, e onde uma boa parcela da população jovem e feminina anda de barriga de fora, não seria de se esperar que a vestimenta de Geisy provocasse tanto furor. Mas foi o que ocorreu.
Após algumas horas de intenso tumulto nos corredores da universidade, ela precisou ser escoltada por policiais e vestir o jaleco de um professor para poder sair do campus em direção a sua casa. Mesmo assim, ao som de um sonoro palavrão, repetido em coro por vozes masculinas. Vídeos postados no site Youtube atestam os atos insanos.
O tumulto em si já é notícia velha, como se diz no jargão jornalístico. Mas a expulsão é um novo capítulo que faz aumentar a indignação de quem já se espantou com o comportamento irracional dos universitários que acossaram a jovem de vestido rosa-choque.
Em outros tempos, os universitários tinham postura de vanguarda. Por isso é que, ao longo da história, eles sempre aparecem empunhando bandeiras em favor das liberdades e dos direitos civis.
Na Uniban, ocorreu o contrário. Os estudantes discriminaram, julgaram, condenaram, expuseram ao ridículo e, por pouco, não atacaram fisicamente a jovem que tem o direito de expressar seus modos por meio da roupa que usa.
Se o traje era tão inadequado e feria os princípios da convivência, por que ela foi admitida no campus, assim que chegou para as aulas? Com certeza, ninguém na portaria observou algo fora do comum.
Depois de ter chamado a atenção, enquanto foi ao banheiro, passou a ser hostilizada. Mesmo dentro da sala de aula, continuou a ouvir insultos que partiam de estudantes que se postaram no corredor em frente à classe. Foi preciso chamar a polícia para garantir a integridade física da garota.
Agora, a universidade publica nota na imprensa oficializando a expulsão da aluna, sob o argumento de que ela provocou o comportamento dos demais estudantes.
Que retrocesso! A lógica que dá base à expulsão de Geisy é a mesma de quem atribui à vítima de estupro a responsabilidade pelos atos do estuprador. É o mesmo argumento de quem acredita que, se o marido espanca a mulher, ela deve ter provocado de alguma maneira o comportamento agressor.
Sob todos os aspectos, é lamentável a atitude da Uniban. De uma universidade, espera-se uma atitude que colabore para a formação moral e ética de seus estudantes. Não basta ensinar a técnica. É preciso ajudar a construir valores. Mas não esses, da segregação e da injustiça. Não esses valores que respaldam o açodamento, a execução em praça pública, o apedrejamento, sem direito à defesa.
A decisão da Uniban é o apoio explícito à intolerância e uma prova de incompetência para atuar na área educacional.
Em tempo: as imagens que mostram os estudantes ensandecidos nos corredores da Uniban me fizeram lembrar da tradicional e polêmica Farra do Boi, realizada no sul do Brasil e em países como a Espanha.
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domingo, 8 de novembro de 2009
Num ato de incompetência e intolerância, Uniban expulsa estudante do vestido rosa
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Esta é uma daquelas situações em que nos perguntamos: aonde o mundo vai parar? Em 2012 mesmo? Ou será que o trem da razão saiu dos trilhos de vez? Se vc se lembrou da Farra do Boi, a sensação que tive foi de que os estudantes haviam fugido de um hospício Talvez a loucura possa ser um argumento convincente para tamanha babaquice
ResponderExcluirFace ao tamanho do vestido da moça, o que faltou desta vez aos estudantes foi postura de retaguarda...
ResponderExcluirRetrocesso civilizacional.
ResponderExcluirLamentável!!!