quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Autora de O Lado Fatal, Lya Luft morre aos 83 anos

Ela votou no Bolsonaro, ensaiou defesa de pena de morte, não tinha um humor palatável.
Mas era uma gaúcha de fibra, dona do seu nariz e que sabia escrever. Prosa e versos. Aliás, para mim, sua melhor obra literária foi o livro de poemas O Lado Fatal (Ed. Siciliano, 1988), escrito durante o luto pela morte de seu segundo marido, o psicanalista Hélio Pellegrino. Os poemas contam a história de um amor que durou três anos, mas foi forte o suficiente para fazê-la separar-se do primeiro marido e pai de seus três filhos, o filólogo Celso Pedro Luft, com quem voltou a se casar após superar a dor de perder Pellegrino para um ataque cardíaco. A reconciliação com Celso Luft fez com que rejeitasse uma nova edição de O Lado Fatal, que foi interpretado no teatro por Beatriz Segall. Quando ficou viúva pela segunda vez, uniu-se a Vicente Britto Pereira, com quem estava casada até agora. Lya parecia ser de aço, mas sua escrita e sua saúde denunciavam suas emoções. Há poucos anos, um de seus filhos morreu do coração, enquanto surfava. A tristeza de Lya foi tanta que, além de transformar a dor em literatura, teve um infarto. Hoje, aos 83 anos, ela morreu dormindo, em consequência de um câncer de pele com metástase, descoberto há poucos meses. Deixa uma obra extensa e importante, como escritora e tradutora.

Poemas de O Lado Fatal foram interpretados
no teatro pela atriz Beatriz Segall






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