Um estava com infecção alta e o outro, não. Mas os exames deles foram trocados pelo laboratório. O paciente saudável saiu do PS medicado com o remédio que o portador de infecção deveria tomar. O que estava doente foi embora como se sua saúde estivesse perfeita.
Quando a médica percebeu o engano e quis consertar, quase pôs tudo a perder. Ela desconhecia a diferença entre duas palavras: retificar e ratificar.
Quem salvou a situação foram duas recepcionistas.
Em 1º. de agosto de 2000, publiquei na coluna Campus, na página A-7 do jornal A Tribuna, umas notas relatando o episódio.
Para ler, clique na imagem ao lado.
Se não conseguir ampliar, você pode ler abaixo a reprodução:
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CAMPUS
Lídia Maria de Melo
Editora Local
Dúvida I
O fato ocorreu em um pronto-socorro particular da Cidade.
Aflita com a troca de exames de dois pacientes, uma jovem médica perguntou às duas recepcionistas de plantão: "Quando se quer corrigir um engano, a gente retifica ou ratifica?" A resposta da dupla foi rápida e em uníssono: "Retifica!"
Dúvida II
O episódio traz à baila algumas questões.
Por que foi extinta a obrigatoriedade do ensino de Língua Portuguesa em todos os cursos universitários? Será que os estudantes de Exatas e Biológicas podem prescindir das aulas de Português? Qual a razão de, mesmo na área de Humanas, com poucas exceções, o estudo da nossa língua ter sido relegado a segundo plano?
Dúvida III
Que os especialistas apresentem as respostas. Sejam elas quais forem, uma coisa é certa: se, em vez de retifica (corrige), a médica tivesse escrito ratifica (confirma) em seu relatório, as consequências poderiam ter sido desastrosas para os dois pacientes.
Dúvida IV
Consultar gramática e dicionário sempre ajuda em casos como esse. Isso parece óbvio, mas ainda existem universitários que não adquiriram o hábito. Explicações sobre parônimos (termos que têm forma parecida, como retifica e ratifica) podem ser encontradas no capítulo Significação das palavras, na gramática de Celso Cunha. Já a de Rocha Lima aborda o assunto no de Estilística léxica.
Recentemente, li uma notícia que me deixou satisfeito: um empresário comentou haver empresas onde se exige, como requisito básico, domínio do Português. De fato, estudantes são incentivados a aprender outros idiomas e parecem ter se esquecido da própria língua. Recém-formados em Jornalismo não me deixam mentir.
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