Comemoração em Brasília - 31 de outubro de 2010 Foto de Marcello Casal Jr/ABr |
Mesmo não sendo novidade a existência dessa discriminação, isso me chocou.
Nas duas campanhas anteriores e durante todo o mandato do presidente Lula, o preconceito era dirigido a ele. Sistematicamente, ouviam-se piadas e comentários sobre seu modo de falar, supostamente, recheado de erros de Português. Em seus pronunciamentos ou entrevistas, jamais observei os tais erros grosseiros que atribuíam a ele. Ao contrário. Verdadeiras aberrações linguísticas costumam aparecer em jornais ou na fala de profissionais com nível superior de escolaridade. Ainda assim, o presidente teve seu mandato aprovado por mais de 85% da população, obteve o respeito da comunidade internacional, colocou o País em um patamar nunca alcançado, conseguiu tirar da situação de miséria milhares de brasileiros.
Quando Dilma Rousseff tornou-se a candidata à Presidência da República, os adjetivos ''nordestina'' e ''analfabeta'', crivados de sentido pejorativo, não puderam ser relacionados a ela, já que a então ministra era nascida em Minas Gerais e educada nos melhores colégios de Belo Horizonte, além de portar diploma de Economista emitido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Seus opositores, no entanto, não se intimidaram. Tascaram-lhe a pecha de ''guerrilheira'', passando por cima de todo o contexto histórico dos anos em que o Brasil viveu em uma ditadura.
Terminada a votação e proclamado o resultado das urnas, a maior parte da população entendeu que o sentido da palavra ''guerrilheira'', atribuído à eleita, não era tão negativo assim. Era o de alguém que lutou contra um regime ditatorial, imposto à força e regado pelo sangue de brasileiros.
Assim, o que restou foi responsabilizar uma região do País pela eleição da candidata sucessora do metalúrgico nordestino que ousou subir a rampa do Palácio do Planalto e ocupar, com sucesso, o principal cargo da República por duas vezes.
Escritas pelos inconformados que não zelam pela democracia e pelos que não respeitam os resultados das urnas, aberrações começaram a circular pela internet contra a população da Região Nordeste. Os nordestinos reagiram. A expressão #orgulhonordestino (rashtag, na linguagem do Twitter) ficou em primeiro lugar nos trending topics (TT).
Apesar de saber que tudo isso já existia, eu pasmei.
O Brasil é um único país. A nova presidente foi eleita com o voto de toda a Nação. E, apenas para esclarecer, mesmo que os números do Norte e Nordeste fossem divididos igualmente para Dilma Rousseff e José Serra e somados aos que eles obtiveram nas demais regiões, ela ainda assim ganharia com uma vantagem de 275 mil votos. O mesmo resultado seria obtido se os votos de Norte e Nordeste não fossem computados (veja quadro abaixo).
Historicamente, não faz tanto tempo assim, o nazismo tatuou o horror pelo mundo durante a segunda grande guerra (1939 a 1945).
De 1861 a 1865, a guerra de secessão dividiu os Estados Unidos em dois.
Os brasileiros não precisam desse tipo de experiência.
Levamos anos para conquistar uma democracia, precisamos aprender a valorizá-la.
Podemos ser mais felizes. Com respeito e sensatez.
(quadro reprodução do G1)
Leia o primeiro pronunciamento da presidente eleita Dilma Rousseff aqui
Seus opositores, no entanto, não se intimidaram. Tascaram-lhe a pecha de ''guerrilheira'', passando por cima de todo o contexto histórico dos anos em que o Brasil viveu em uma ditadura.
Terminada a votação e proclamado o resultado das urnas, a maior parte da população entendeu que o sentido da palavra ''guerrilheira'', atribuído à eleita, não era tão negativo assim. Era o de alguém que lutou contra um regime ditatorial, imposto à força e regado pelo sangue de brasileiros.
Assim, o que restou foi responsabilizar uma região do País pela eleição da candidata sucessora do metalúrgico nordestino que ousou subir a rampa do Palácio do Planalto e ocupar, com sucesso, o principal cargo da República por duas vezes.
Escritas pelos inconformados que não zelam pela democracia e pelos que não respeitam os resultados das urnas, aberrações começaram a circular pela internet contra a população da Região Nordeste. Os nordestinos reagiram. A expressão #orgulhonordestino (rashtag, na linguagem do Twitter) ficou em primeiro lugar nos trending topics (TT).
Apesar de saber que tudo isso já existia, eu pasmei.
Lula e Dilma festejam a vitória -Brasília, 31.10.2010 Foto de Ricardo Stuckert/Presidência da República |
Historicamente, não faz tanto tempo assim, o nazismo tatuou o horror pelo mundo durante a segunda grande guerra (1939 a 1945).
De 1861 a 1865, a guerra de secessão dividiu os Estados Unidos em dois.
Os brasileiros não precisam desse tipo de experiência.
Levamos anos para conquistar uma democracia, precisamos aprender a valorizá-la.
Podemos ser mais felizes. Com respeito e sensatez.
(quadro reprodução do G1)
Leia o primeiro pronunciamento da presidente eleita Dilma Rousseff aqui
Mais uma vez me intrometo. Esperamos que Dilma seja boa presidenta do país não por ser mulher, apesar de isso representar muito para o Brasil, mas por ser a mais competente. Quanto ao preconceito de classe, no Brasil, ele sempre existiu. Acredito que após termos tido um presidente nordestino, uma mulher, um negro e um homosexual, as coisas ficarão mais suaves.
ResponderExcluirComo neonordestino, agradeço a defesa dos meus. Mas isto não impedirá o acerto de contas que farei no fim de ano, quando chegar aí. O massacre da peixeira elétrica...
ResponderExcluirSó você, Nando, é capaz de me fazer rir deste jeito e deste assunto! Saudade de você e de seu humor ferino!
ResponderExcluir"Para a formação do espírito nacional, a arte pode concorrer mais do que a própria história"
ResponderExcluir(Fernando de Azevedo)
Sem fazer caso de todas provocações
político-sociais a arte continua suplantando o "bairrismo pueril, inadmissível a um povo adulto..." como destacou o cantor Gordurinha que participa do filme "Titio não é Sopa".
O filme uma comédia musical de Eurídes Ramos lançada em 1959 pela Atlantida Cinematográfica aborda as lendas preconceituosas e esteriotipadas... gozações mesmo, que diariamente brasileiros dirigem a brasileiros.
Bairrismo, regionalismo e afins são toleráveis em piadas de bom gosto fora isso, qualquer prenúncio dessa erva daninha, faça-me o favor, tem que ser combatida veemente...
Coisa que a arte já faz há muito tempo, sem precisar necessariamente que as pessoas a compreenda, basta apenas que incorpore a lição de moral.
Em meu blog "DIÁRIO DA MÚSICA", destaco uma das artes que mais me agrada: a música. E garanto aprendo lições incríveis com a vida e obra das pessoas que ali menciono, pelas marcas positivas que deixam registradas pelo mundo.
http://elizabethdiariodamusica.blogspot.com
Cenas do filme "Titio não é Sopa"
http://www.youtube.com/watch?v=tAXsCvrItx4
Elizabeth Nogueira