terça-feira, 5 de outubro de 2010

Requintada


Jardim Botânico de Curitiba,
foto de Lídia Maria de Melo
Requinte. Gosto dessa palavra e de seus derivados. Combinam com vinho, seda, cetim, taça de cristal, porcelana, pérola, tom pastel, delicadeza de gestos, carinho, elegância, sutileza, silêncio, inteligência, respeito, justiça, educação, gentileza... 
Gosto de gente que faz aflorar em mim os sentimentos nobres, o meu sorriso, que por si só sempre foi solto e largo.
Sou como um espelho. Reflito.
Se bem me tratam, retribuo com meus melhores gestos.
Se me recebem com modos ácidos, meu lado sombrio desperta. Não tenho vocação para, nesse aspecto, seguir os ensinamentos do filho do criador, que ofereceu a outra face a quem o agrediu.
Meu sangue tem mistura de diversas etnias. Resultou na fórmula que o faz ferver de vez em quando. O antídoto para essa fervura se chama gentileza. Com fino trato, sou doce, seda, cetim, algodão...
Mas essa gentileza não pode andar de mãos dadas com falsidade, dissimulação. Nesse caso, meu radar começa a girar e põe meu sexto sentido em alerta total. Mesmo a quilômetros de distância, ele capta os maus fluidos ocultos, disfarçados, as artimanhas. 
É nessa hora que meu anjo da guarda entra em ação: me envolve numa redoma, que tem a força de uma armadura, e eu começo a ler pensamentos e até ouvi-los. Tudo para me proteger e eu continuar sorrindo, dormindo com tranquilidade, me mantendo íntegra e fiel a meus princípios, sem precisar agredir nem a mim, nem a ninguém.
Meu anjo da guarda tem maneiras requintadas de me pôr a salvo das mazelas.
(texto publicado originariamente em 28 de julho de 2008, em meu antigo blog)

Marisa Monte canta 'Gentileza' - clique para ouvir

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