terça-feira, 23 de novembro de 2010

Letra de médico, falta de luvas, turbilhão
contaminado, tanto problema para o paciente...

Quem tem o hábito de fazer valer seus direitos costuma ser classificado como chato. Faço parte desse rol. Não me intimido no momento de exigir que uma conduta correta seja aplicada independentemente do setor.
Outro dia, uma pessoa de minha família mandou aviar uma receita médica e, quando pegou os medicamentos, pediu-me para conferir se tinham sido preparados com as quantidades especificadas pelo médico. Pasmei! Não dava para entender nada do que estava prescrito. A letra do médico era simplesmente indecifrável.
Não tive dúvida. Mandei a ele um e-mail, indicando cada componente da fórmula que a farmácia utilizou no preparado. Solicitei que confirmasse se eram aqueles mesmos. Não deixei de citar que minha dúvida fora motivada pela letra ilegível dele.
Dois dias depois, recebi a resposta, confirmando a correção. No final do texto, no entanto, ele disse que jamais receitaria medicamentos que fossem complicar o estado do paciente. Eu retornei, com a frase: ''O dia a dia nos ensina que todo cuidado é pouco''.
Na verdade, eu gostaria de ter sido mais explícita: ''Sua letra deveria ser legível, conforme determina a legislação vigente no País''. Mas precisei usar de meias palavras, porque esse familiar continuaria sendo atendido por ele e não poderia correr o risco de se tornar alvo de hostilidade, por exemplo.
Em outra ocasião, um outro parente não pôde fazer um exame porque as funcionárias do laboratório não entenderam a letra do médico. Esse familiar sabia o nome do exame, mas o laboratório não aceitou fazer assim mesmo, alegando que não se responsabilizaria no caso de um engano.
Só não foi preciso retornar ao médico, porque um outro laboratório se propôs a realizar o exame, confiando na informação desse meu familiar. Se houvesse um erro, o paciente seria o prejudicado.
Quando um médico prescreve medicamentos ou solicita exames com garranchos, em vez de letras, expõe seu paciente a uma situação constrangedora e perigosa.
Constrangedora, porque o paciente não se sentirá à vontade para pedir ao médico que escreva melhor. E porque, ao mesmo tempo, estará se violentando, se deixar de expressar seu direito. Perigosa, porque o farmacêutico poderá não entender a letra e trocar o remédio, ou ainda utilizar um componente errado na fórmula manipulada. O profissional da medicina que não atenta a esses aspectos está sendo prepotente, irresponsável e descumpridor da lei.
Foto Kimberly Clark Health Care
Numa manhã do final de outubro, outra pessoa de minha família foi submetida a uma pequena cirurgia em uma das orelhas. A enfermeira não fez um curativo adequado. À tarde, precisou procurar pelo médico, porque havia um sangramento no local. Ele refez o curativo, usando luvas. No entanto, sua auxiliar não as utilizava. Isso a deixou insegura quanto à possibilidade de contaminação. Apesar de costumar exigir seus direitos, ela não disse nada.
Uma nova troca de curativo foi marcada para a semana seguinte. Se houvesse necessidade de antecipar, ele  aconselhou-a a procurar o pronto-atendimento do convênio médico. Fez isso. E qual não foi sua surpresa? A médica que a atendeu colocou luvas para trocar o curativo. Já a auxiliar (do setor de enfermagem), muito antipática, por sinal, não estava de luvas.
Dessa vez, minha parente não se intimidou. Pediu que ela colocasse as luvas para trocar o curativo. As duas saíram da sala. A médica retornou sem as luvas e fez o curativo.
Ou seja, de que adianta haver uma campanha nacional para que os médicos lavem as mãos, usem álcool gel a 70%, para evitar infecção por bactérias? De que adianta o paciente estar bem-informado? O pessoal da área de Saúde parece continuar alheio às informações!
No dia dessa pequena cirurgia, o médico  prescreveu um antibiótico. Foi informado de que a paciente não poderia tomar devido a alergia. Ele perguntou: _Então o que vou lhe dar?
A paciente disse o nome de outro antibiótico que tomara recentemente sem problemas. Ele disse que então ela poderia tomar esse se achasse melhor. Ela rebateu com o argumento de que ele precisaria prescrever, porque a Anvisa determinou que os antibióticos sejam vendidos sob controle, com receita em duas vias. Uma delas será retida pela farmácia.
O médico disse que desconhecia aquela informação, como se a paciente estivesse falando bobagem. Naquele mesmo dia, as novas normas foram publicadas no Diário Oficial da União.
No início de outubro, fui fazer fisioterapia pós-operatória no pé esquerdo e precisei passar pelo turbilhão. Bastou uma sessão para que eu decidisse não mais retornar. A água utilizada no turbilhão não é trocada. Todos os pacientes colocam pés e mãos no mesmo lugar, sem que a água tenha ao menos cloro. Com isso, estão sujeitos a adquirir doenças, como frieiras, só para ficar em um exemplo bem simples. Isso, num pós-operatório, pode ter consequências graves.
Essa sequência de problemas transmite a sensação de impotência. Mesmo para quem se mantém informado e costuma cobrar seus direitos, como nós, jornalistas.
Que bom se todo profissional de Saúde se colocasse no lugar do paciente. Certamente, os cuidados seriam redobrados e haveria menos riscos e infecções.

P.S.: No próximo post, alguns cuidados para evitar infecção hospitalar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo comentário. Assim que for lido, será publicado.
Volte mais vezes. Se desejar resposta individual, deixe seu e-mail.
De todo modo, identifique-se, para facilitar o direcionamento da resposta.