domingo, 20 de novembro de 2016

Pé de cidreira, um resgate de carinho

            



                                                     
 Lídia Maria de Melo 
(fotos e texto)

No fundo do quintal 
da casa de minha infância, 
havia um pé de cidreira.
Para ele, acorríamos
em busca de umas folhas
que aplacariam as dores
de nosso estômago ou intestino
depois de maceradas
e mergulhadas em água fervilhante.
Era um pé de uns sessenta centímetros
de altura, com cheiro doce e acolhedor.
Às vezes, nos dava flores miúdas
e perfumadas,
atração auspiciosa para abelhas e passarinhos.
Um grande companheiro de infância.
Fiel e protetor.
Hoje, que o tempo correu,
minha infância vive em um cofre de sonhos
e aquela casa nem existe mais,
a não ser nas gavetas da memória
e nos instantes das fotografias,
um novo pé de cidreira
acompanha meu dia a dia
neste jardim suspenso
de terraço de apartamento.
Também é atração de pássaros
com seu odor adocicado
e as florzinhas ocasionais.
Para matar a saudade,
mesmo sem dor de barriga,
nem estomacal,
 volto a fazer o chá que
minha mãe me ensinou.
É um resgate de carinho,
como canção de ninar,
um jeito de vencer o tempo
e reviver emoções 
ao menos pelo paladar.

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