Lídia Maria de Melo
A edição do jornal A Tribuna deste domingo, 24 de agosto de 2014, traz na seção Tribuna Livre um comentário que escrevi logo após o acidente com o jato Cessna que caiu em Santos, minha cidade natal, no último dia 13.
Tribuna Livre. Lídia Maria de Melo. Jornalista, professora
do curso de Comunicação Social da UniSantos,
escritora e mestre em Ciências da Comunicação pela USP.
Por uma luz no topo dos prédios
Todo desastre aéreo, por mais trágicas que sejam suas consequências,
contribui de algum modo para a segurança de voos futuros. À medida que avançam as
buscas pelos fatores que contribuíram para um sinistro, o setor responsável pela
apuração emite novas orientações sobre aeronaves e pilotagem.
No Brasil, quem cumpre esse papel é o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A esse órgão da Aeronáutica caberá esclarecer o acidente com o Cessna 560XL, que teve como palco o bairro do Boqueirão, em Santos, no dia 13, e provocou a morte do candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, e de outras seis pessoas. Quanto a essa conduta, não há dúvidas.
No Brasil, quem cumpre esse papel é o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A esse órgão da Aeronáutica caberá esclarecer o acidente com o Cessna 560XL, que teve como palco o bairro do Boqueirão, em Santos, no dia 13, e provocou a morte do candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, e de outras seis pessoas. Quanto a essa conduta, não há dúvidas.
A minúcia da investigação, porém, não livra o
País, principalmente o povo santista, do trauma
causado pela tragédia. Também não impede que as atenções se voltem para outros
aspectos que trazem receios e incertezas.
Um deles é a ausência de luz vermelha no topo de arranha-céus, cada vez mais
altos e em número maior em Santos.
A
necessidade do uso de luzes em grupo de árvores, torres e edifícios,
instalados na rota de voos e que sejam extensos ou cuja altura exceda a 45
metros, está estabelecida na Portaria nº 1.141, emitida em 8 de dezembro de
1987 pelo Ministério da Aeronáutica.
No entanto, o descumprimento dessas
determinações é patente na cidade
inteira. O quadrilátero compreendido do Canal 4 ao 6 e
da Avenida Bartolomeu de Gusmão à Rua Vergueiro
Steidel, por exemplo, concentra edifícios com mais de 20 andares e, portanto,
acima de 60 metros de altura. Boa parte não
mantém acesa a luz vermelha. Ou seja,
não alerta pilotos, de aviões ou helicópteros, de que cada um é um obstáculo
habitado por dezenas ou centenas de pessoas.
Por lei, a luz vermelha, considerada sinal de barreira, precisa ser acionada à noite. Por prevenção, deveria estar ligada também de dia. Isso porque, quando a região é tomada por uma neblina densa e a visibilidade torna-se prejudicada, os edifícios são encobertos pelas nuvens. Tanto em horário noturno quanto diurno. Sem o ponto luminoso, o que impediria uma colisão?
Quem mora em frente à praia ou a dois ou três quarteirões de distância da faixa de areia, para dentro dos bairros, sabe muito bem que não é incomum ver helicópteros sobrevoar edifícios a uma distância muito próxima do topo. Muitas vezes, eles permanecem parados pouco acima dos prédios, causando sobressalto aos moradores.
Esse tipo de situação temerosa tende a aumentar, porque novos helipontos ou heliportos estão sendo erguidos em vários locais de Santos. A regulamentação dessas instalações precisa obedecer às normas contidas em oito portarias do Ministério da Aeronáutica (nº. 18/1974; 46/1974; 397/1976; 745/1976; 463/1977; 1.230/1979; 353/1981; 830/1983).
Depois do trauma que sofremos em 13 de agosto, cabe às autoridades tomar todas as providências para garantir a tranquilidade e a segurança da população. Se não há como fiscalizar um a um os prédios de Santos, que seja feita uma campanha de orientação, para que cada condomínio perceba a importância de instalar a luz vermelha no seu topo, no mesmo projeto do para-raios, e mantê-la acesa.
O imponderável acontece. Somos testemunhas disso. Mas ele não deve servir de desculpa para acidentes que podem ser evitados.
Por lei, a luz vermelha, considerada sinal de barreira, precisa ser acionada à noite. Por prevenção, deveria estar ligada também de dia. Isso porque, quando a região é tomada por uma neblina densa e a visibilidade torna-se prejudicada, os edifícios são encobertos pelas nuvens. Tanto em horário noturno quanto diurno. Sem o ponto luminoso, o que impediria uma colisão?
Quem mora em frente à praia ou a dois ou três quarteirões de distância da faixa de areia, para dentro dos bairros, sabe muito bem que não é incomum ver helicópteros sobrevoar edifícios a uma distância muito próxima do topo. Muitas vezes, eles permanecem parados pouco acima dos prédios, causando sobressalto aos moradores.
Esse tipo de situação temerosa tende a aumentar, porque novos helipontos ou heliportos estão sendo erguidos em vários locais de Santos. A regulamentação dessas instalações precisa obedecer às normas contidas em oito portarias do Ministério da Aeronáutica (nº. 18/1974; 46/1974; 397/1976; 745/1976; 463/1977; 1.230/1979; 353/1981; 830/1983).
Depois do trauma que sofremos em 13 de agosto, cabe às autoridades tomar todas as providências para garantir a tranquilidade e a segurança da população. Se não há como fiscalizar um a um os prédios de Santos, que seja feita uma campanha de orientação, para que cada condomínio perceba a importância de instalar a luz vermelha no seu topo, no mesmo projeto do para-raios, e mantê-la acesa.
O imponderável acontece. Somos testemunhas disso. Mas ele não deve servir de desculpa para acidentes que podem ser evitados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pelo comentário. Assim que for lido, será publicado.
Volte mais vezes. Se desejar resposta individual, deixe seu e-mail.
De todo modo, identifique-se, para facilitar o direcionamento da resposta.