sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Mais exemplos para a série "Errar é humano, mas tem gente que é humana demais"

Dando sequência ao post anterior, dentro da série "Errar é humano, mas tem gente que é humana demais", ontem, foi a vez de um jornal paulista de circulação nacional e, de novo, do programa de TV que relembra a vida profissional de artistas no início das tardes. Um telejornal vespertino também entrou para o rol.
Em seu site, o jornal paulista publicou uma matéria intitulada "Descubra qual é sua praia no Rio de Janeiro" e  usou a seguinte legenda: "Praia de Ipanema com os novos guarda-sóis em tons pastéis".
O assunto foi parar em uma rede social.
Quando acessei a página, fiz cópia da matéria e, às 16h09, enviei a seguinte mensagem ao site do jornal: “Na legenda da foto da Praia de Ipanema, na matéria ‘Descubra qual é sua praia no Rio de Janeiro’, há um erro de concordância. O correto é dizer que a cor dos guarda-sóis é em ‘tons pastel’ e não, ‘em tons pastéis’. O substantivo ‘pastel’, designando cor, só é usado no singular".
Quando designa cor, "pastel" fica no singular. Então, é "tons pastel".
Sete minutos depois, constatei que a correção foi feita. Providenciei nova cópia da página para comparar o antes e o depois. O site do jornal enviou-me um e-mail, agradecendo a colaboração.
À noite, li a versão impressa do periódico. Constatei que a matéria completa estava na edição do dia e utilizava equivocadamente a expressão "tons pastéis". Lamentei. A matéria on-line pôde ser corrigida, mas a impressa, não.
Se esse erro continuar sendo cometido com tanta constância, não tenho dúvidas de que logo a gramática será alterada, porque muitos dos nossos colegas jornalistas ignoram as regras da norma culta. O idioma é dinâmico e passa por reformulações frequentes, mas isso ocorre a partir de uma necessidade. Agora, poderá mudar por força da (com perdão da má palavra) ignorância de portadores de diploma universitário.
Já no programa televisivo de entretenimento, que na quarta-feira cometeu erro igual ao do jornal paulista e ao de um programa jornalístico semanal, o simpático apresentador deu seu escorregão ontem. Ele expressou: "E o nosso querido repórter (...) vai de encontro a sua próxima entrevistada que é 100% alto astral".
Na verdade, ele quis dizer: "Vai ao encontro de sua próxima entrevistada".
A expressão "ir ao encontro de" significa "ir em direção a" ou "estar de acordo com". Já "ir de encontro ao" quer dizer "ir contra algo ou alguém".
Quando um carro bate em um muro, por exemplo, ele foi de encontro ao muro.
Quando o pensamento de uma pessoa vai ao encontro do que a outra expõe, isso quer dizer que elas estão de acordo no que pensam. Se a ideia de uma pessoa for de encontro à de outra, isso significa que elas discordam.
Homem biônico.
Foto do Museu de Ciências
de Londres/ divulgação
No telejornal vespertino, poderia ter sido evitada uma redundância na matéria sobre o homem biônico apresentado no Museu de Ciências de Londres.  A correspondente disse: "De perto, é possível escutar o batimento cardíaco do coração mecânico, que bomba sangue sintético, feito de nanopartículas". É claro que os batimentos cardíacos só podem ser do coração. Seria perfeito se a frase fosse corrigida para: "De perto, é possível escutar o batimento do coração mecânico, que bomba sangue sintético, feito de nanopartículas".
Bem, errar é humano. Só erra quem faz.
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Veja tambémDeslizes que alimentam a série "Errar é humano, mas tem gente que é humana demais"

Um comentário:

  1. E ainda nesta sexta-feira, dia 8 de fevereiro, lendo uma entrevista de uma atriz a um site de notícias, deparei-me com a frase: "Ontem, quando saiu o parecer do juiz, apenas dois sites me telefonaram. Aí, de certa forma, a gente tem que ir de encontro a estes que querem esclarecer". Na verdade, ela quis dizer "tem que ir AO ENCONTRO DESSES que querem esclarecer". Impressionante, erros idênticos não param de se repetir!

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