terça-feira, 12 de outubro de 2010

Como Nossa Senhora Aparecida
se aproximou de mim

                                     Lídia Maria de Melo
Foto de Lídia Maria de Melo
Quando eu era uma jovenzinha, achava extremamente brega e piegas ser devoto de Nossa Senhora Aparecida e chamar por ela nas horas de aflição. 
Aos 15 anos, adoeci e, aos 18, quase morri. Minha mãe se empenhou em promessas com santos. Entre eles, Nossa Senhora Aparecida.
Para que eles me devolvessem a saúde, em troca ela ofereceu o sacrifício de nunca mais comer carne às sextas-feiras e de se privar para sempre de seu doce favorito, a goiabada.
A penitência dela também me incluía. Fui obrigada a visitar o templo da Padroeira do Brasil, em Aparecida, em 12 de outubro de 1977, e lá deixar  uma fotografia de minha formatura na Escola Normal. Para quem não sabe, esse tipo de escola formava normalistas, como eram chamadas as professoras dos quatro anos do antigo Curso Primário, ou quatro primeiras séries do atual Ensino Fundamental.
Na Basílica lotada, participei de uma missa cheia de tropeiros que acenavam chapéus em reverência a Nossa Senhora. Em vez de me concentrar nos agradecimentos por minha vida, fiquei impaciente e ansiosa para fugir daquela aglomeração.
No ano seguinte, uma aluna minha, chamada Wanderleia, trouxe de Aparecida, e me deu de presente, uma imagem da santa. Era de matéria plástica azul, com purpurina dourada. Em nada lembrava as esculturas estilizadas que hoje são vendidas em lojas de artigos religiosos.
A imagem era um símbolo kitsch, mas, quando a menina a entregou para mim, causou-me uma reação física. Um arrepio percorreu meu corpo e eu me emocionei.
Até hoje a cena está viva em minha memória. Eu parada no meio da sala, no final da aula, e a menina com um sorriso gordo no rosto.
Para os incrédulos, essa descrição pode beirar a pieguice, mas foi o que ocorreu. Aquele instante eu considero o da minha conversão. Dali em diante, passei a rezar para Nossa Senhora Aparecida e não mais me envergonhar de ter fé.
Outros anos se passaram e, em outubro de 1993, parei de tomar remédios e de sentir os sintomas da doença considerada incurável.
Minha mãe tem certeza de que foi milagre de Nossa Senhora.
Já eu não gosto de fazer uma afirmação tão categórica. Não quero parecer charlatã, nem negar outros fatores, como a ação dos remédios, dos médicos e  de minha própria mãe, além de minha força interior. Mas, como a medicina não admite a cura para a doença e já faz 20 anos que ela não se manifesta em meu organismo, sou obrigada a dar razão a minha mãe: acho que fiquei boa por intervenção de Nossa Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim, outro santo a quem ela apelou e pagou (e me fez pagar) promessa na igreja de Salvador, Bahia.
Hoje, tenho três imagens de Nossa Senhora Aparecida. A que ganhei de Wanderleia, uma outra que também recebi de presente e ainda uma terceira que comprei (foto). Gosto de tê-las por perto.
Sei que as imagens por si sós não têm significado algum. O que importa é o que elas simbolizam: a minha capacidade de transcender a confiança que nutro pela Ciência e pela Lógica.
Confiar em Nossa Senhora e em Deus me permite ter esperança e sentimentos positivos em relação à vida e  às pessoas.
Até hoje, acho que foi Nossa Senhora Aparecida que deu um jeito de se aproximar de mim e me fazer acreditar que a fé é mesmo capaz de mover montanhas.
Contar esta história é uma forma de compartilhar e disseminar esta devoção.

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